quinta-feira, 25 de abril de 2024

Desigualdade de Gênero na Política:

 

Desigualdade de Gênero na Política: Empoderando as Mulheres para a Participação Plena

A desigualdade de gênero na política é um desafio persistente que afeta diretamente as mulheres no espaço de poder. Em muitos contextos, as mulheres enfrentam barreiras significativas para ingressar na política, e uma vez lá, são frequentemente desvalorizadas .

Nos partidos políticos, nos mulheres muitas vezes enfrentam discriminação e marginalização, sendo excluídas de posições de liderança e tomada de decisão. Nossos talentos e habilidades são subestimados, e suas contribuições são muitas vezes negligenciadas em favor dos homens. Estas são algumas desvalorização das mulheres dentro dos partidos políticos sendo assim cria um ciclo de desigualdade que se perpetua ao longo do tempo.

Agora, chegou o momento de mudar essa realidade. As mulheres representam metade da população e têm o direito fundamental de participar plenamente da vida política e democrática de suas comunidades. É imperativo que os partidos políticos reconheçam o valor e a importância da participação das mulheres e tomem medidas concretas para promover a igualdade de gênero em todos os níveis.

Para mudar essa realidade, precisamos adotar uma abordagem multifacetada que aborde tanto as barreiras estruturais quanto as atitudes culturais que perpetuam a desigualdade de gênero na política. Isso inclui:

  1. Implementar cotas de gênero e metas de representação feminina nos partidos políticos, garantindo que as mulheres tenham acesso equitativo às posições de liderança e candidaturas eleitorais.

  2. Promover a conscientização e a educação sobre os direitos das mulheres e a importância da participação política feminina, tanto dentro dos partidos políticos quanto na sociedade em geral.

  3. Fornecer apoio e recursos específicos para capacitar as mulheres que se candidatam e se envolverem na política, incluindo treinamento em liderança, financiamento de campanhas e acesso a redes de apoio.

  4. Combater o sexismo e a discriminação de gênero em todas as suas formas, promovendo uma cultura de respeito, igualdade e inclusão dentro dos partidos políticos e da sociedade como um todo.

  5. Criar espaços seguros e inclusivos para o debate e a tomada de decisão política, onde as vozes das mulheres sejam ouvidas e valorizadas.

  6. Somente através de esforços coordenados e comprometidos podemos superar a desigualdade de gênero na política e garantir que as mulheres tenham a oportunidade de contribuir plenamente para a construção de sociedades mais justas, igualitárias e democráticas.

Juntas, podemos e faremos a diferença.




quarta-feira, 24 de abril de 2024

Não é Não

                

"Não é Não": Empoderando Mulheres a Definirem seus Limites

O mantra "Não é Não" transcende simplesmente palavras; é um lembrete poderoso do direito fundamental de uma mulher de definir seus próprios limites e ter esses limites respeitados. Em um mundo onde as mulheres muitas vezes enfrentam pressões sociais, culturais e até mesmo pessoais para cederem a situações desconfortáveis ou indesejadas, é crucial fortalecer essa mensagem e oferecer suporte àqueles que a afirmam.

Para muitas mulheres, dizer "não" pode ser desafiador. A pressão para agradar os outros, o medo de consequências negativas ou simplesmente o condicionamento social podem tornar difícil expressar limites claros. No entanto, é essencial reconhecer que o consentimento não é negociável e que cada indivíduo tem o direito de estabelecer suas próprias fronteiras.

Então, como podemos ajudar? Primeiramente, é fundamental educar sobre consentimento desde cedo. Isso envolve não apenas ensinar sobre a importância do "não significa não", mas também cultivar uma cultura de respeito mútuo e empatia. Devemos promover relações baseadas no diálogo aberto e no respeito pelos desejos e limites de cada pessoa envolvida.

Além disso, é crucial oferecer suporte às mulheres que afirmam seus limites. Isso pode significar ser um ouvinte compreensivo, oferecer recursos de apoio ou intervir ativamente em situações onde o consentimento é desrespeitado. É importante lembrar que o apoio não se limita apenas a situações extremas; mesmo em interações cotidianas, validar e respeitar as escolhas das mulheres fortalece sua autonomia e autoestima.

Outra maneira de ajudar é desafiar atitudes e comportamentos que perpetuam a cultura do estupro e a falta de respeito pelos limites das mulheres. Isso pode incluir confrontar comentários inadequados, questionar narrativas que culpabilizam as vítimas e promover uma mentalidade de responsabilidade pessoal e respeito mútuo.

Em última análise, "não é não" não é apenas uma frase, mas um princípio fundamental de respeito e igualdade. Ao capacitarmos as mulheres a afirmarem seus limites e ao promovermos uma cultura de consentimento e respeito, estamos trabalhando juntos para criar um mundo onde todos possam viver com dignidade, segurança e autonomia.

terça-feira, 23 de abril de 2024

PROGRAMA MULHER SEGURA PARANA



O Governo do Estado por meio secretaria da Segurança Publica lançou programa  Mulher Segura Paraná, é uma iniciativa fundamental para promover a segurança e o bem-estar das mulheres em todo o estado. Compreender a importância deste projeto significa reconhecer os desafios enfrentados pelas mulheres em relação à violência de gênero e tomar medidas significativas para prevenir e combater esse problema.

O Projeto Mulher Segura Paraná visa oferecer apoio e proteção às mulheres vítimas de violência, bem como promover a conscientização e a educação sobre os direitos das mulheres e a prevenção da violência de gênero. Através de uma abordagem multidisciplinar, o projeto busca envolver diversos setores da sociedade, incluindo instituições governamentais, organizações da sociedade civil, comunidades e indivíduos, para trabalhar em conjunto na construção de uma sociedade mais segura e igualitária para todas as mulheres.

As principais iniciativas do Projeto Mulher Segura Paraná incluem:

Atendimento e Acolhimento às Vítimas: Oferecimento de serviços de apoio psicológico, jurídico e social para mulheres vítimas de violência, garantindo que elas tenham acesso à assistência necessária para superar a situação de violência e reconstruir suas vidas.

Campanhas de Conscientização: Realização de campanhas educativas e de conscientização sobre os direitos das mulheres, os diferentes tipos de violência de gênero e os recursos disponíveis para as vítimas, visando prevenir a violência e promover uma cultura de respeito e igualdade.

Capacitação e Treinamento: Capacitação de profissionais das áreas de segurança pública, saúde, assistência social e educação para identificar, abordar e encaminhar casos de violência de gênero de forma adequada e sensível, garantindo um atendimento eficaz e acolhedor às vítimas.

Fortalecimento da Rede de Proteção: Fortalecimento da rede de proteção às mulheres, por meio da articulação entre diferentes órgãos e instituições, para garantir uma resposta integrada e coordenada à violência de gênero, desde a prevenção até o atendimento às vítimas.

Monitoramento e Avaliação: Monitoramento constante dos casos de violência de gênero e avaliação das políticas e programas implementados no âmbito do projeto, visando identificar lacunas, desafios e oportunidades de melhoria contínua.

Em suma, o Projeto Mulher Segura Paraná desempenha um papel crucial na promoção da igualdade de gênero, na prevenção e combate à violência contra as mulheres e na construção de uma sociedade mais justa e segura para todas. É essencial que continuemos a apoiar e fortalecer iniciativas como esta, para garantir que todas as mulheres possam viver livres de violência e com dignidade.







quinta-feira, 18 de abril de 2024

AUTO-ESTIMA

 



AUTOESTIMA Autoestima é a reputação que você tem consigo mesmo. Se você tem uma reputação negativa consigo, é porque não confia em você mesmo, e seu grau de autoestima será baixo. Ela tem, basicamente, dois componentes: - O sentido de competência pessoal - se você se acha capaz de obter o que deseja. - O senso de valor pessoal - se você se acha digno do que deseja. Ou seja, nossa autoestima é um resultado do nosso sentimento de capacidade de entender, lidar e sobrepor os obstáculos da vida; e o sentimento de ter o direito de ser feliz. Uma pessoa com autoestima elevada se sente competente e merecedora, por isso ela vai em busca do que ela quer, e geralmente o alcança. Por isso, a autoestima não tem nada a ver com a maneira como os outros nos veem, ela é uma experiência pessoal - ela brota do nosso íntimo, é o que você pensa e sente sobre si mesmo. Para aumentar nossa autoestima, é importante ter consciência disso, e a partir desta consciência, resgatar nossa reputação conosco. A maneira de fazer isso é assumir pequenos compromissos, e mantê-los. Fazer pequenas promessas, para você e para os outros, e cumpri-las. Essas atitudes criam uma integridade em nosso íntimo que nos dá um sentimento de capacidade, competência e valor. E desenvolve em nós a coragem e a confiança de assumir compromissos maiores - desenvolvendo honra e caráter em nós mesmos!

texto Luh Oliveira Real

terça-feira, 16 de abril de 2024

O Paraná apresenta um novo dispositivo legal: o Código de Defesa dos Direitos da Mulher Paranaense, consolidando 99 leis e normativas estaduais relacionadas aos direitos das mulheres. Elaborado pela bancada feminina da Assembleia Legislativa e apoiado por outras instâncias governamentais, o código visa facilitar o acesso das mulheres aos seus direitos em áreas como segurança, saúde, empreendedorismo e moradia. Sancionado pelo governador em exercício, Darci Piana, o código moderniza a legislação e servirá como base para futuras normas relacionadas aos direitos das mulheres. A secretária da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa, Leandre Dal Ponte, destaca que o código é um instrumento importante para promover o conhecimento e a defesa dos direitos das mulheres no Estado. O novo código consolida 99 leis e normativas estaduais instituídas no Paraná entre 1990 e 2023 e que tratam sobre diversos temas ligados à vida das mulheres em todos os âmbitos. O projeto foi elaborado a partir de uma articulação da bancada feminina da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), além do apoio de outros deputados estaduais. O trabalho contou com a contribuição da Secretaria de Estado da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa (Semipi) e tem como objetivo facilitar o acesso da população feminina aos seus direitos, organizando as leis em temas como segurança, saúde, proteção, empreendedorismo e moradia. Com isso, avançamos em uma legislação moderna que acompanha a evolução do papel da mulher na sociedade, aprimorando aquilo que o Estado tem feito para a defesa das mulheres no âmbito da segurança pública, na educação, na empregabilidade e na geração de renda”, concluiu o governador em exercício. Segundo a secretária da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa, Leandre Dal Ponte, a iniciativa das deputadas estaduais em consolidar as leis relacionadas à mulher paranaense em um único instrumento favorece a formulação de políticas pelos gestores públicos. “Ninguém defende aquilo que não conhece, portanto esse código facilita a pesquisa e o conhecimento dos gestores municipais e da população feminina em geral sobre os seus direitos”, comentou. "É um instrumento para todas as mulheres paranaenses, em especial aquelas em situação de violência, mas que também fomenta o protagonismo como trabalhadoras e empreendedoras”,

MAE SOLO


 

Navegando pelos Desafios da Maternidade Sem Parceiro"

Ser mãe é uma jornada repleta de alegrias e desafios, mas para as mães solo, essa jornada pode ser ainda mais complexa. Este tema se concentra nas experiências e desafios únicos enfrentados por mulheres que assumem a responsabilidade de criar seus filhos sozinhas, sem o apoio de um parceiro. Explora as diferentes situações que levam à maternidade solo, como divórcio, separação, viuvez ou decisão consciente de criar um filho sozinha.

Ao longo do tema, são abordados diversos aspectos, incluindo questões financeiras, emocionais, sociais e práticas. Discute-se o equilíbrio entre trabalho e cuidados com os filhos, os desafios de conciliar múltiplos papéis, a busca por apoio da comunidade e da rede de suporte, a superação do estigma social associado à maternidade solo e a importância do autocuidado para as mães que muitas vezes se veem sobrecarregadas.

Além disso, o tema destaca histórias inspiradoras de mães solo que superaram adversidades, alcançaram sucesso em suas vidas pessoais e profissionais, e criaram laços familiares fortes e saudáveis com seus filhos. Também explora iniciativas e recursos disponíveis para ajudar mães solo a enfrentar os desafios e a criar um ambiente familiar estável e amoroso para seus filhos.

Em suma, este tema oferece uma visão abrangente das realidades enfrentadas pelas mães solo, ao mesmo tempo em que celebra sua força, resiliência e capacidade de amor incondicional.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013


Jéssica Balbino fala sobre ser mulher, gorda e feminista
10 Outubro 2013
Por Jarid Arraes - Revista Fórum

 Com a intenção de iniciar uma série de textos e debates sobre gordofobia, padrões de beleza e autoestima, o Questão de Gênero traz hoje perguntas respondidas pela Jéssica Balbino, uma mulher jornalista e feminista de Poços de Caldas que trabalha por Direitos Humanos de diversas formas: seja em sua atuação no meio do Hip Hop ou pelos textos e mensagens que escreve sobre inclusão social, sua luta parte do subjetivo para toda a sociedade.
  Ouvir o que Jéssica Balbino tem a dizer é extremamente relevante. Há poucos espaços onde mulheres falam abertamente, contam suas vivências e abrem possibilidades para que suas reivindicações gerem empoderamento. É a partir do compartilhamento de declarações como essas que novas correntes se formam entre mulheres que buscam construir uma realidade mais justa.
Abaixo você poderá ler uma entrevista pessoal, cortante e política, completamente na íntegra.


Ilustração: Evelyn Queiróz – Nega Hamburguer
Você é feminista? Por que?
Sou. Sou feminista porque 15 mulheres morrem por dia no Brasil – e não somos um país em guerra. Sou feminista porque não posso ter o corpo que tenho, porque não posso me comportar como gosto, porque não tenho direito a escolher se quero ou não abortar, porque se eu for estuprada, vão me culpar. Sou feminista porque quero ter os mesmos direitos que os homens, inclusive ao mesmo salário e ao mesmo trabalho. Sou feminista porque este corpo é meu e NINGUÉM tem o direito de dizer como devo me vestir, como devo me comportar. Sou feminista porque sou passada de vítima à culpada em questão de segundos, quando procuro meus direitos. Enfim, SOU FEMINISTA PELO DIREITO DE SER MULHER. E ser mulher é ser humana.
 Eu poderia ficar séculos discorrendo o porque de ser feminista (ou extremista, como alguns gostam de colocar), mas é por apenas uma questão óbvia: quero ser mulher sem ser agredida por isso.

 Qual a importância política de se sentir bem com o próprio corpo?
FUNDAMENTAL. Se eu não estiver bem com o meu corpo, vou sofrer ainda mais violências por ser mulher. Politicamente, precisamos nos reconhecer como mulheres para existirmos. Não adianta nos curvarmos a um padrão inatingível de beleza do corpo. Só luto quando me sinto bem e este “sentir-se bem” tem a ver com aceitação do próprio corpo. 
  Posso falar por mim que se eu não me entender como mulher, não posso cobrar os meus direitos. E como mulher e gorda, estou aqui para lutar por acessibilidade às pessoas gordas. Não temos “necessidades especiais”, mas vivemos em um país onde segundo a última pesquisa feita pela VIGITEL, mais de 50% dos brasileiros tem sobrepeso, o que significa que precisamos de assentos maiores nas cadeiras, nas poltronas de avião, nos bancos dos ônibus, nas poltronas de restaurantes, de mais espaço entre as mesas fixas nas grandes redes de fast-food, de cintos de veículos automotores maiores (a maior parte não fecha e você pode ser multado por estar sem cinto, o que te obriga, diretamente, a se encaixar no padrão da sociedade e ser magro), precisamos de mais espaços nas roletas de ônibus, metrôs e trens, entre outras coisas, isso para citar apenas o superficial.
  Se eu sou gorda, trabalho, vivo, existo e pago meus impostos, por que não ter acesso a tudo? Por que não posso me sentar confortavelmente em uma cadeira de cinema? Por que devo me adequar a um padrão?  Aí, vem o famigerado discurso sobre saúde para defender um preconceito, uma imposição. Ando com cópia de exames feitos recentemente provando que sou saudável. E então? Sou eu que devo mudar ou a sociedade que deve parar de me escravizar?
  Gordofobia não é crime. Mas discrimina e mata e precisamos estar bem, sendo gordos e nos reconhecendo como tal para cobrar direitos. Para mim, essa é a importância política de nos sentirmos bem no corpo que temos.
  Vivemos num universo em que são ditados – de todos os lados – padrões inatingíveis de beleza. É muito difícil ser gorda, afrodescendente e não se enquadrar nos traços finos que são impostos. É mais difícil ainda quando antes dos 30 anos você percebe/descobre que tem alopécia androgenética, ou seja, que está perdendo os cabelos e que antes mesmo dos 35 estará completamente careca. Então, se você não se sentir bem com seu corpo, faz o quê? Se mata?! Por que é isso que muitas mulheres tem feito, de maneiras diferentes, no Brasil. Elas se matam por meio do suicídio, se matam tomando anabolizantes, se matam tomando hormônios, se matam tomando remédios para emagrecer, para engordar, para aguentar a jornada na academia, para crescer cabelo, para cairem os pelos, para terem um corpo de acordo com o ideal disseminado. E isso é muito triste. Resolvi que não quero me sentir mal. Entendi que só tenho essa vida e que quero vivê-la plenamente e que se isso significa estar fora dos padrões e lutar pelas mulheres, é isso que vou fazer.
  Cansei de ver minhas semelhantes se matando, o tempo todo, e sendo mortas, por não atingir o padrão ideal. Esses dias vi uma reportagem em que HOMENS DÃO DICAS SOBRE COMO DEVEM SER AS MULHERES QUE ELES GOSTAM DE PEGAR! E aí os caras diziam que elas não poderiam ter pelos – peraí, e quem não tem pelos? – que elas deveriam ter as unhas bem feitas e pintadas, que elas deveriam ter cabelos longos, curtos, enrolados, lisos, que elas deveriam ter a barriga negativa, quer dizer, mesmo que a mulher se esforce para o resto da vida, nunca atingirá certos padrões, já que eles são impostos e ao mesmo tempo subjetivos, ou seja, cada um tem o seu, especialmente os homens machistas.
  Enquanto vivermos em busca de padrões, seremos vítimas de violência e escravizadas pelo machismoSentir-se bem com o próprio corpo é ser livre. E ser livre é poder ser feliz como você é. Somos únicas. Cada uma de nós. E temos tantas outras qualidades que vão além de um corpo que se encaixe no padrão imposto. Não concordo por exemplo quando dizem que estou ‘acima’ do peso. Quem limitou o que é um peso ideal e por que meu peso não é o ideal? É ideal para mim, certo?! É como sou e eu tenho o DIREITO de ser feliz assim.

 De que forma os padrões de beleza limitam a liberdade das mulheres?
De todas as formas possíveis. Os padrões de beleza escravizam as mulheres. A partir do momento que você fica presa a ter um corpo ou um visual que agrade outra pessoa, você já é escravizada. É uma vontade dela e não sua, mas muitas vezes atendê-la depende da sua felicidade e bem estar, afinal, vivemos em sociedade e essa convivência também depende de aceitação. 
  Eu fico muito triste quando vejo as mulheres se submetendo a tratamentos, jornadas ou violência contra si mesmas para agradar ou atingir o padrão de beleza. É inevitável que muitas vezes eu as julgue, mas quando penso mais friamente, tenho pena e pena é um sentimento muito ruim, mas consigo entender que todos somos vítimas disso e não ser aceito sendo o que você é como ser humano – física e mentalmente – é muito doloroso.
  Não atingir os padrões é estar excluído da sociedade. É ser motivo de piada, de discriminação, de limitação.Uma mulher gorda e “feia” é tolhida em vários direitos. É motivo de nojo, de escárnio, de retaliação, de mortes. É muito triste saber que mulheres são limitadas por conta de um padrão físico. É dolorido. É urgente que trabalhemos na autoestima das mulheres, inclusive das que são vítimas dessa escravidão.


Ilustração: Evelyn Queiróz – Nega Hamburguer
Como você percebeu que esse tipo de violência existia? 
Desde os quatro anos de idade, quando fui impedida de brincar na escola por ser gorda. Desde então, me tornei A GORDA da turma – fosse na escola, no bairro, na faculdade ou no trabalho – e carregar este estigma é muito mais pesado que o corpo. Ser mulher e gorda é sofrer violências diárias, inclusive dentro de casa.
  Seus pais – por amor ou preconceito mesmo – não te querem gorda. Isso fará você sofrer e nem eles te aceitarão. Então, a obrigatoriedade de ser magro se torna um objetivo, uma meta, um carma. E ai de você se não for. A imposição da mídia, de seus amigos, do mundo, é extremamente complicado. NÃO EXISTE DOR MAIOR DO QUE OUVIR: “VOCÊ TEM UM ROSTO LINDO!”. Como assim?! E meu corpo? E meus quilos “extras”, e minhas curvas, e minha barriga – que sim, é saliente, mas é minha parte – , então, somos violentadas o tempo todo, quando nos impõe padrões.Que vão também além disso, mas para o fato de sermos depiladas, com as unhas feitas, os cabelos macios, volumosos e sedosos, os seios e a bunda grande, a cintura fina, a sobrancelha bem feita, entre outras coisas. E não há outro tipo de assunto por onde se circule. Eu, sinceramente, me canso de ter que “me inserir” em rodas discutindo padrões. Eu sou fora deles, mas parte do mundo e vou lutar enquanto existir pela não padronização e não violência contra a mulher, impondo e dizendo como ela deve ser.
  Por exemplo, quando cria-se uma “escola de princesas”, segrega-se a mulher e comete uma violência contra a que não é – e nem quer ser – princesa. Quem disse que precisamos ser prendadas e boas esposas? E por que precisamos ser assim? Por que não podemos apenas ser amadas pelo que somos e ter a nossa vida e nossas habilidades favorecidas? Por que precisamos ser forçadas a sermos o que não somos para agradar o mundo? Tá tudo errado…. Cansei de ser agredida e violentada.

É difícil encontrar espaço para falar de questões do corpo na política?
Poxa, é muito difícil. E olha que eu sou comunicadora, hein. Já tomei várias “chamadas” por preencher a timeline virtual com assuntos sobre feminismo e gordofobia, mas não vou mudar. Falo porque é urgente. Assim como falo de política, de exclusão social, de artes. E não, não acho que podemos relaxar e gozar quando o mundo exclui, machuca e mata as mulheres – especialmente as “fora de padrão”. Só me permitirei fazer isso quando nenhuma outra mulher for violentada e morta por simplesmente ser o que ela é.
Já perdi “amigos” e entrei em discussões intermináveis por ser eu mesma: GORDA, MULHER e FEMINISTA. E vai ser assim, enquanto eu souber que minhas semelhantes são inferiorizadas, excluídas e violentadas apenas por serem de um ‘gênero’ diferente.
O espaço da coluna é muito bacana e a “liberdade” da rede também, mas ainda discute-se muito pouco sobre isso. Fala-se e chama-se atenção minoritariamente sobre estas questões, que são também políticas. Você já viu uma política pública eficaz para a não violência contra a mulher? Uma política pública para a aceitação do próprio corpo? Só se vê o inverso: políticas públicas excludentes e misóginas.
  Mas, é extremamente complicado levantar questões sobre isso onde quer que seja. Sou sempre tirada de louca, mas luto, debato e bato o pé onde quer que seja. Precisamos empoderar a mulher e mais do que isso, lembra-las de que independente da forma, não temos forma. Precisamos nos aceitar. Vejo muito machismo dentro do meio feminista, quando, as próprias integrantes do movimento não se aceitam. Vejo machismo entre as mulheres. Mas não posso julgar, devo ajudar. Devo falar, ocupar lugares.

 Na sua opinião, há muita diferença entre os padrões de beleza masculinos e femininos?
É complicado saber, mas como mulher percebo uma cobrança muito grande. Tanto por parte dos homens, como por parte das mulheres. Não vejo isso com os homens, mas também não estou do lado deles. Acho que o culto à beleza existe para todos os gêneros, independente de ser homem, mulher, travesti, etc. Mas, como mulher posso dizer que ele é INSUPORTÁVELMENTE DOLOROSO.

Você acha que a pressão contra mulheres gordas é maior do que a pressão contra homens gordos? Por que? 
Acho que é sim porque é uma pressão dupla, contra a mulher e contra o corpo dela. As mulheres são mais “inferiorizadas” e com isso, o preconceito e a pressão são maiores. Não que os homens não sofram, mas a mulher, por conta do gênero, é mais atacada, o tempo todo. 
  
O que você gostaria que as pessoas soubessem a respeito das mulheres gordas?
Que somos MULHERES! Que existimos para além do nosso corpo gordo, que insistem em criminalizar, mas que somos saudáveis, que somos vivas, que gozamos. Sim, mulheres gordas gozam, como você mesma já pontuou. Que usamos roupas (inclusive das da moda), que consumimos, que comemos, trabalhamos e nos divertimos. E que temos direito a isso tudo, inclusive com nosso corpo gordo. Gostaria que soubessem que vamos lutar contra a GORDOFOBIA e vamos exigir respeito. É isso. Obrigada pela oportunidade.

Lutando pela Proteção e Empoderamento Feminino

 Há mais de duas  década, a União das Mulheres de Colombo tem sido um farol de resistência sem perder a  esperança na busca por um futuro ma...